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BIÓPSIA PERCUTÂNEA DO CORPO VERTEBRAL

Introdução

   

     A biópsia percutânea (através da pele), da coluna vertebral (segmento cervical- torácico ou lombar) é realizada pela chamada via transpedicular (parte óssea que se liga ao corpo vertebral -– ver anatomia), mediante uma técnica cirúrgica guiada por radioscopia (raio-x intra-operatório), ou pode ser realizada por meio de uma tomografia computadorizada com um objetivo: fazer o diagnóstico da lesão observada nos exames de imagem (raio-x, tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética) da coluna vertebral para o médico obter um diagnóstico mais preciso possível, o que permitirá um tratamento adequado ao paciente.


    Quando estamos frente a uma hipótese diagnóstica de um tumor primário do corpo vertebral, a biópsia deverá ser realizada em centros especializados onde disposmos de uma equipe multidisciplinar que inclui neurocirurgiões, oncologistas, patologistas e radiologistas. Todas as imagens, principalmente as imagens de ressonância nuclear magnética, devem ser avaliadas antes da biópsia.


    A equipe médica deverá avaliar os dados clínicos e todos os estudos de imagem para garantir que uma biópsia seja indicada e assim determinar o local da biópsia mais apropriado. As radiografias fornecem uma visão geral da lesão e suas características e são os meios mais indicados para fornecer um diagnóstico ou uma série de diagnósticos diferenciais.


    Em ossos de formato complexo, como a coluna vertebral, a TC ajuda a mostrar os detalhes da lesão e a presença de calcificação associada. A cintilografia óssea ajuda a determinar a extensão e a distribuição da doença. A imagem de RM é melhor para definir a extensão local da doença, particularmente para lesões radiograficamente ocultas ou quando observamos o envolvimento da medula óssea e de componentes associados ao tecido adjacente.


    A via da biópsia deve ser planejada de modo a não comprometer os feixes neurovasculares e os compartimentos teciduais. A biópsia deve ser sempre realizada com o cirurgião que fez a avaliação clínica previamente e com o patologista que examinará o material obtido do corpo vertebral.


  Os anticoagulantes devem ser suspensos antes da biópsia e, para avaliação da infecção, os antibióticos devem ser interrompidos pelo menos 48 horas antes do procedimento cirúrgico, ou seja, da biópsia. Outros fatores a serem considerados antes da biópsia são exames laboratoriais (hemograma, coagulograma para coagulopatia, e contagem de plaquetas, entre outros) e avaliação clínico-cardiológica pela anestesia a ser submetido o paciente.

Indicações da biópsia percutânea

    As indicações para biópsia das lesões da coluna vertebral incluem:

  • Determinar a natureza de uma lesão óssea: neoplasia–processo infeccioso, etc.

  • Confirmar ou excluir uma lesão secundária: metástase em um paciente com um tumor primário já conhecido.

  • Excluir malignidade na compressão do corpo vertebral, especialmente nas metástases ou mieloma.

Contraindicações da biópsia percutânea

 

    As contraindicações para biópsia das lesões da coluna vertebral incluem:

  • Diátese hemorrágica.

  • Diminuição da contagem de plaquetas.

  • Hipótese diagnóstica de lesão vascular na vértebra para evitar uma eventual hemorragia que possa comprometer o canal medular.

  • Tecidos moles infectados ao redor da lesão óssea a ser biopsiada, particularmente quando há suspeita de lesão não infecciosa.

  • Locais inacessíveis, por exemplo, lesões de C1 e odontóide.

  • Paciente não cooperativo. A anestesia geral pode ser necessária.

 

Técnica - Equipamento

Para a biópsia de lesões da coluna torácica e lombossacra, o paciente habitualmente deverá manter-se em posição: deitado – horizontalmente, e com abdômen sobre a mesa operatória, e apoiado sobre coxins utilizados para esta técnica. Para a coluna cervical, os pacientes podem ser posicionados de acordo com as regiões comprometidas e sua sintomatologia. Para as lesões da coluna cervical localizadas anteriormente, o paciente encontra-se em decúbito dorsal. Às vezes, o paciente pode ter que ser colocado em decúbito lateral. Embora a dosagem de radiação na fluoroscopia da TC seja relativamente pequena quando comparada ao exame de TC convencional, deve-se ter cuidado para minimizar a irradiação tanto para o paciente quanto para o cirurgião.
 

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Planejamento da abordagem e  direcionamento da cânula de  biópsia. Imagem axial da TC   demonstrando a distância entre o local da punção proposta  e a linha média, bem como a profundidade e a angulação para o local de biópsia-alvo no corpo vertebral.

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Via de acesso para  biópsia  do corpo vertebral

   O ponto de punção  percutânea   é determinado  sob controle da radioscopia. Após  uma anestesia local no local  da incisão cirúrgica, e  uma pequena  incisão realizada na pele, é  introduzida  uma  cânula  de biópsia, e orientada em direção ao corpo vertebral através  do pedículo da  vértebra, e   sob orientação fluoroscópica biplanar até entrar em contato com o periósteo . Uma cânula apropriada será  introduzida, com um fio guia, e tudo controlado pela  radioscopia.  Um coletor especial para  esta  técnica  que passa   dentro desta  cânula de  biópsia  irá  remover  dentro do corpo  vertebral  o  material ósseo para  avaliação  anátomopatológica.

 

   Para avaliação citológica do material coletado, amostras deste  material  são preparados  em lâminas de vidro e fixadas para  microscopia,  e avaliados pelo  patologista  na sala  operatória, chamada  de  biópsia de congelação, e depois   este material  será  analisado  no    laboratório de patologia.

   Os sinais vitais do paciente devem ser continuamente monitorados durante o procedimento pelo anestesista. Após a TC axial  já realizada, a  imagem mais adequada é selecionada para planejar a via  ideal para direcionar a cânula de  biópsia  para a lesão . Geralmente, se houver múltiplas lesões um estudo deverá ser  planejado previamente  para obter  em conjunto as  áreas a  serem abordadas. Qualquer massa de tecido  relacionada à lesão óssea também deve  ser  biopsiada.

   Quando existe a suspeita de discite (processo infeccioso  que compromete  o disco intervertebral e o corpo vertebral ), além do disco, o osso subcondral adjacente também deve ser biopsiado, pois este é o local de origem da espondilodiscite hematogênica.    Ao planejar o trajeto da cânula, devemos  evitar as  áreas  de estruturas anatômicas vitais, por exemplo, grandes vasos sanguíneos, nervos, cavidade peritoneal e canal espinhal e o seu conteúdo. Na coluna cervical, estruturas importantes a serem evitadas incluem a traquéia, o esôfago, a veia jugular interna e a artéria carótida. Na coluna torácica, deve-se ter cuidado para evitar a cavidade pleural, a  aorta  torácica  e a veia cava superior. Na coluna lombar,  a  aorta  abdominal, a veia cava inferior, os vasos renais,  as raízes  neurais.

   A profundidade da lesão, o ponto de entrada e o ângulo do trajeto  da cânula  devem ser estimados ou medidos na imagem tomográfica  mais apropriada. O ponto de entrada na pele do paciente  é  programado  previamente.

   Após a administração de anestesia local  é feita uma pequena incisão na pele, e a cânula  de biópsia é direcionada para a lesão sob orientação de fluoroscopia .  Uma outra opção para  realizar  este procedimento  em decúbito lateral no tomógrafo.  A abordagem a ser adotada depende do local exato da lesão e deve ser adequadamente planejada. Aqui também ocorrerá o mesmo processo de avaliação da anátomopatologia  realizado pelo  médico –patologista.

  Após a biópsia, o local da punção  receberá uma sutura, e um curativo local.

 

  A rotina pós-procedimento será  orientada  pelo cirurgião que realizou o procedimento, como medicação analgésica profilática, repouso, etc.

 

- O paciente  deverá ser orientado de possíveis complicações  como:

 

Sangramento  que  possa requer transfusão. O sangramento local excessivo quando ocorre  deverá  ser orientado pela equipe cirúrgica.

Eventual   quebra da cânula  de  biópsia.

Infecção.

Lesão neurológica, incluindo paresia ou paralisia. A compressão medular  poderá  ocorrer  raramente  após a biópsia de lesões espinais hipervasculares, por exemplo, carcinoma de células renais  metastático ou hemangioma.

Pneumotórax  ocorrem  cêrca de  4 a 11% após a biópsia da coluna torácica.

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Cãnulas para realização da biópsia

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Raio-x intra-operatório

CONCLUSÃO:

   A biópsia percutânea guiada por TC ou Radioscopia tem um papel útil no diagnóstico e no manejo de pacientes com lesões na coluna vertebral. A maioria das biópsias pode ser realizada com segurança e rapidez sob anestesia local e sedação. Uma  técnica apropriada, conhecimento da anatomia da coluna vertebral e de indicações e contra indicações, e consciência de possíveis complicações são orientações  da  equipe cirúrgica.

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Dr. João Francisco Crosera

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