DOR CERVICAL - A DOR AGUDA NO PESCOÇO
Aspectos Gerais :
A dor cervical, a dor na região do pescoço, é o resultado do comprometimento do segmento cervical da coluna vertebral por um distúrbio muscular ou uma lesão de ordem degenerativa do disco intervertebral, decorrente de uma postura inadequada ou um mecanismo já desgastado, e uma degeneração dos corpos vertebrais, das articulações, do alinhamento da coluna vertebral, entre outras causas.
Mediante a melhora da dor cervical, você deverá realizar um tratamento com trabalho de reabilitação e reeducação postural, ou seja, um processo de prevenção e recuperação de sua dor no pescoço. No entanto, se o quadro for crônico e recidivante, com uma dor persistente, será necessária uma avaliação e investigação especializada.
A região do pescoço é o segmento cervical da coluna vertebral. Protegidos dentro dos ossos da coluna vertebral cervical estão a medula espinhal e os nervos espinhais cervicais. As vértebras cervicais são numeradas de C1 a C7. Os corpos das vértebras são separados pelos discos intervertebrais, que desempenham função de absorção da carga e choques aplicados a este nível. As vértebras estão mantidas e protegidas por grupos musculares e ligamentos. Os nervos espinhais passam pelos canais ósseos chamados forâmens neurais e ramificam-se para o pescoço e membros superiores, braços, até as mãos.
Dor no pescoço, a dor da coluna cervical :
A Dor Cervical varia de intensidade leve à grave, dependendo do comprome-timento das lesões musculares, discais, neurais, medulares; podendo ser aguda ou crôni-ca. A dor aguda ocorre súbitamente, e pode irradiar-se para a cabeça, ombros, escápulas, braços, mãos e dedos (membros superiores) e, geralmente, melhora dentro de alguns dias ou semanas. A origem da dor, quase sempre, está presente nos músculos, ligamen-tos, articulações ou decorrente de alterações dos discos intervertebrais com compres-sões dos nervos espinhais, como abaulamentos, protusões ou uma hérnia de disco. Habitualmente, melhora com repouso, fisioterapia, medicação, etc.
Quais são os sintomas?
Os sinais e sintomas de dor cervical podem ser referidos como uma rigidez, sensação de aperto, ardor, pontadas, agulhadas, pressão ou formigamento. Os músculos podem estar doloridos ou com um espasmo ou uma tensão no pescoço, face ou ombros, até o membro superior.
Os músculos podem sofrer espasmos quando entram em um estado de extrema contração, com um movimento tipo chicote. O movimento poderá ser limitado, dificul-tando você virar a cabeça.
Várias situações sinalizam a necessidade de uma avaliação médica especializada imediata: Se os nervos estiverem comprometidos, e se existir uma compressão mais grave do nervo, e se a compressão da medula estiver presente, os sintomas poderão incluir além da dor: dormência, formigamento, perda de sensibilidade nos braços, antebraços, mãos ou pernas (em uma situação de compressão medular mais crítica), ou perda urinária ou do controle do intestino, ou perda de força muscular nos membros superiores e inferiores, decorrentes de uma mielopatia cervical compressiva.
A dor cervical acompanhada de uma severa dor de cabeça, febre, náuseas, poderá ser um sinal de infecção ou hemorragia intracraniana ou no cérebro. Se o pescoço encon-trar-se tão rígido que você não pode tocar o queixo no peito, procure ajuda médica imediatamente.
Quais são as causas?
A dor cervical pode ser decorrente de lesões traumáticas, má postura, estresse, desgaste natural, comprometimento dos discos cervicais, exercícios, sobrecargas, e alte-rações da curvatura da coluna cervical, etc. Exemplos:
• lesão ou trauma/fraturas: lesões em atividades esportivas, ou quedas, acidentes automobilísticos, etc.;
• abaulamento, protusões ou hérnia de disco: podem ser agudas por uma prática esportiva, exercícios intensos e sobrecarga no pescoço, etc.;
• compressão da raíz neural /nervo comprimido: compressão de um nervo espinhal originário na medula pode causar dor irradiada para a região escapular, ombro, braço, antebraço, mão e dedos. Podem ocorrer alterações sensitivas (perda da sensibilidade), e motoras (perda da força muscular);
Obs: a síndrome do túnel do carpo pode cursar com parestesias, dormências nas mãos, que, muitas vezes, é confundida com radiculopatia cervical.
• A osteoartrite (doença degenerativa do disco): Os discos intervertebrais, naturalmente com a idade, diminuem em seu tamanho e perdem seus componentes, e osteófitos (bicos de papagaio) podem surgir. Estas mudanças levam à estenose ou hérnia de disco; e
• Estenose: o estreitamento dos canais raquimedular/ósseo,e foramens da coluna vertebral podem comprimir a medula e os nervos, causando déficits motores (perda da força dos membros superiores), atrofias musculares, sinais de lesões medulares e alterações sensitivas.
Como é feito o diagnóstico?
Um exame médico cuidadoso vai auxiliar a diagnosticar a origem da dor em seu pescoço /coluna cervical. A avaliação diagnóstica compreende:
• uma história clínica, um exame físico geral, e um exame neurológico (testes para verificar a força muscular e investigação dos reflexos) e da coluna vertebral, realizados por um especialista na área neurocirúrgica;
• exames de imagem, por vezes (por exemplo, raios-x, tomografia computadorizada, res-sonância magnética); e
• exames neurofisiológicos (eletroneuromigrafia, potencial evocado).
Que tratamentos estão disponíveis?
O tratamento conservador é o primeiro passo para procurarmos a recuperação do quadro da dor cervical propriamente dita apresentado pelo paciente.
Mais de 95% dos apcientes com dor cervical e dor irradiada para o braço em razão da contratura muscular ou de um abaulamento discal ou uma protusão discal pequena podem melhorar em cerca de 3-4 semanas e voltar à atividade normal.
A conduta inicial começa sempre com a autocuidado e estratégias de tratamentos não cirúrgicos. O objetivo é melhorar a sintomatologia do quadro clínico apresentado, restaurar a função e prevenir uma hérnia discal, ou seja, evitando que o núcleo pulposo se exteriorize comprimindo a raiz neural. Por vezes, a hérnia é tão grave que um frag-mento do disco desloca-se no canal medular e, assim, o tratamento cirúrgico deverá ser indicado o mais precoce possível.
O estudo da imagem com o exame neurológico da coluna vertebral demonstrando as alterações do disco intervertebral, os sinais degenerativos do disco, vértebras e articu-lações, presença de osteófitos, inversão da lordose (curvatura da coluna cervical), vão orientar o prognóstico e a conduta do quadro apresentado.
Tratamentos não cirúrgico
O autocuidado: restrições na atividade diária vão ajudar sua recuperação, evitando sobrecargas intensas sobre o pescoço e tronco, deve-se evitar esportes de maior intensidade.
Medicação: Seu médico poderá prescrever analgésicos, medicamentos anti-inflamatórios não esteróides, relaxantes musculares, etc.
• Os corticosteroides podem ser prescritos para reduzir o edema e a inflamação dos nervos; e
Fisioterapia: O objetivo da fisioterapia é ajudar o paciente retornar à plena atividade diária o mais rápido possível e evitar uma nova lesão. A fase inicial deverá ser a analgesia, com calor local-infra-vermelho, tens, ultrassom, etc.
Os fisioterapeutas iniciam o tratamento com exercícios leves, orientando a postura correta, como deitar/dormir, levantar-se, manter-se em pé e o fortalecimento muscular.
Estas orientações e exercícios posturais são elementos-chave para seu tratamento e devem tornar-se parte de sua forma física ao longo da vida diária.
Alguns pacientes querem tentar terapias como a acupuntura, para aliviar a dor. Esta poderá sim contribuir com a mellhora da dor, mas, sem melhora no quadro anatomofuncional.
OBS.: Situações como colocar a coluna no lugar, ou mecanismos de esticar, alongar a coluna por mecanismos não fisiológicos, dormir no chão, etc. podem trazer danos irreparáveis à coluna vertebral com lesões neurológicas graves.
Tratamento Cirúrgico
Se o paciente não responder ao tratamento conservador, ou os sintomas agravarem-se, seu médico poderá orientar uma conduta cirúrgica.
A indicação do tratamento cirúrgico raramente é necessária, porém, tudo dependerá do exame neurológico e do resultado de exames de imagem. Quando presentes fraqueza muscular, alterações da sensibilidade por hérnia de disco visualizada no estudo de ressonância, com compressão medular e dos nervos espinhais, e sem melhora com medidas conservadoras, a cirurgia deverá ser o tratamento após análise do especialista.
• Procedimentos minimamente invasivos como injeções de esteróides próximos à região da protusão discal, abaulamentos do disco podem ajudar a melhorar a dor. Este procedimento é realizado em centro cirúrgico com auxílio da radioscopia.(ver abaixo).
ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL
ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL
ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral humana é uma estrutura complexa, composta por uma estrutura óssea de 33 vértebras, sendo ossos individuais interpostos entre elas pelo disco intervertebral, a partir da base do crânio, região occipital, percorrendo todo o tronco em sua linha média até a pelve, tendo papel fundamental na proteção das estruturas do sistema nervoso, ou seja, da medula espinhal e das raízes neurais.
As vértebras são numeradas e divididas em regiões: cervical, torácica, lombar, sacro, cóccix (vide figura). Apenas 24 vértebras destes segmentos são móveis; ou seja, as vértebras do sacro e do cóccix são fundidas entre si.

Coluna vertebral via posterior demonstrando segmento cervical-dorsal-lombar
Esta estrutura fornece um suporte a nosso corpo, permitindo ao ser humano manter-se em pé, dobrar, fletir, estender, lateralizar, torcer, etc., enquanto protege a medula espinhal e as raízes neurais de uma eventual lesão.
Os componentes desta estrutura chamada coluna vertebral como os músculos, os ossos, os tendões, os ligamentos flexíveis, as estruturas neurais como a medula e as raízes neurais contribuem para uma coluna saudável. No entanto, qualquer uma destas estruturas, quando afetadas pela tensão, lesão ou doença podem causar dor, alterações motoras, sensitivas, vesicais, etc.
Embora as vértebras tenham características regionais únicas, todas as vértebras possuem três partes principais:
• o corpo vertebral tem a forma de um tambor projetado para suportar o peso e a compressão;
• um osso em forma de arco (lâminas) que protege a medula espinhal; e
• os processos (transverso-espinhosos) em forma de estrela, concebidos como estabilizadores para as estruturas musculares.
Coluna vertebral via anterior -posterior - lateral - vértebras

As 7 vértebras cervicais conectam-se às 12 vértebras torácicas, que se conectam às 5 vértebras lombares, e estas ao sacro e ao cóccix. Estas vértebras empilhadas como pequenos blocos formam a coluna vertebral e, assim, funcionam como um suporte estrutural do esqueleto, e sua combinação única de curvas equilibradas permite ao ser humano uma atitude ereta.
Entre as vértebras cervicais, dorsais e lombares, observamos o disco intervertebral, que é constituído por um anel de tecido fibroso, altamente hidratado, e um núcleo central chamado núcleo pulposo.

Coluna vertebral e seus segmentos
Segmento cervical
Este segmento é composto de 7 vértebras cervicais, que são menores que as dos outros segmentos, e permitem uma ampla mobilidade. Estas vértebras são numeradas sequencialmente e referidas como C1 (1ªvértebra cervical) até C7 (sétima vértebra cervical).
A função principal da coluna cervical é suportar o peso da cabeça (cerca de 10 libras ou, aproximadamente, 4,5 kilos).
O pescoço tem a maior amplitude de movimento por causa de duas vértebras, que se conectam ao crânio. A primeira vértebra (C1) é o Atlas, em forma de anel, que se liga diretamente ao crânio. A segunda vértebra (C2), o Axis, é um eixo em forma de cavilha, que tem uma projeção chamada de odontóide.

Coluna cervical via anterior de C1-C7
Segmento Torácico
Este segmento é constituído de 12 vértebras na região torácica. Os movimentos neste segmento são mais limitados.
Estas vértebras são numeradas, sequencialmente, de T1 ou D1 (1ª vértebra torácica ou dorsal) à T12 (12ª vértebra torácica ou dorsal).
A principal função da coluna torácica é manter a segurança da caixa torácica e proteger estruturas como o coração e os pulmões. A amplitude de movimento na região da coluna torácica é limitada.
Segmento Lombar
Neste segmento observamos 5 vértebras lombares, que são maiores em relação aos outros segmentos, sendo os discos intervertebrais maiores, e são conhecidas como L1 (primeira vértebra) à L5 (quinta vértebra lombar). Estas vértebras são estruturalmente maiores para absorver as cargas, permitindo ao ser humano levantar e transportar objetos mais pesados. A principal função da coluna lombar é suportar o peso do corpo.
Neste segmento observamos as queixas clínicas mais frequentes da coluna vertebral e, consequentemente, as doenças da coluna lombar.
Abaixo da coluna lombar, encontramos o segmento Sacro, que são vertébras fundidas, ou seja, sem interposição do disco intervertebral, e, finalmente, o Cóccix, formado por quatro ossos fundidos, que interliga os ligamentos e músculos do assoalho pélvico.
Estes ossos, dispostos posteriormente à pelve, não apresentam mobilidade.
Sacro - a principal função do sacro é conectar a coluna vertebral aos ossos do quadril (ilíaco). Existem cinco vértebras sacrais, que estão fundidas em conjunto. Com os ossos ilíacos, elas formam um anel chamado cintura pélvica.

Coluna lombar via posterior

Coluna vertebral em anterior-posterior-lateral
Curvaturas da coluna Vertebral
Quando observamos lateralmente (ou posição sargital) a coluna vertebral, esta apresenta uma curvatura em forma de S.
O segmento cervical e a região lombar apresentam uma curva côncava, mais anterior, e as regiões torácica (ou dorsal) e sacral têm uma curvatura convexa.
As curvas funcionam juntamente com outras estruturas absorvendo os choques, impactos, assim como mantendo o equilíbrio; permitem uma amplitude de movimento em toda a coluna vertebral.
• Uma curva anormal da coluna lombar, chamada de lordose, refere-se a uma retificação do segmento, com modificação de sua curvatura também para trás.
• Uma curva anormal da coluna torácica, no sentido anterior do tronco, é chamada de cifose (conhecida como corcunda).
• Uma curva anormal da coluna vertebral, em lateralização ao tronco, de lado a lado, é conhecida como escoliose.


– Curvatura da coluna vertebral

Curvatura da coluna cervical durante a vida
Os ligamentos, as cápsulas articulares e os feixes musculares funcionam como suporte e proporcionam uma flexibilidade da coluna vertebral.
Músculos
Os dois principais grupos musculares que afetam a coluna vertebral são os extensores e os flexores. Os músculos extensores permitem que o ser humano se levante e consiga elevar os objetos. Os extensores são conectados à parte posterior da coluna vertebral. Os músculos flexores estão na região anterior, e incluem os músculos abdominais. Estes músculos nos permitem flexionar ou dobrar para frente, e são importantes para levantar e controlar o arco na parte inferior das costas.

musculatura do tronco via posterior
Os músculos e uma postura correta proporcionam ao corpo humano a manutenção das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral. Boa postura envolve treinar seu corpo para manter-se em pé, andar, sentar e se deitar para que a quantidade de pressão/carga aplicada sobre a coluna vertebral seja de menor intensidade durante o movimento. Excesso de peso corporal, musculatura debilitada e outras forças aplicadas de modo errado à coluna vertebral podem alterar a lordose (curvatura fisiológica) da coluna vertebral.
Os músculos na região dorsal auxiliam na estabilização da nossa coluna vertebral. Algo tão comum como as alterações do tônus muscular, ou uma grande barriga, pode realizar uma tração de todo seu corpo no sentido anterior, modificando o alinhamento das curvaturas da coluna vertebral.
Facetas Articulares
As articulações da coluna vertebral permitem a realização dos movimentos.
Cada vértebra tem quatro articulações, um par que se liga à vértebra acima (facetas articulares superiores), e um par que se liga à vértebra abaixo (facetas inferiores). Habitualmente, observamos a artrose destas articulações responsáveis pela dor lombar mais habitual, com os movimentos de flexão, extensão e lateralização.


As facetas superiores e inferiores conectam cada vértebra em conjunto
Disco Intervertebral
Cada vértebra da coluna vertebral é separada uma da outra por uma estrutura anatômica chamada disco intervertebral. Este proporciona um amortecimento do corpo vertebral, mantendo um movimento uniforme e conjugado entre as vértebras.
O disco intervertebral é formado por um anel externo, constituído por uma estrutura fibrosa, resistente, compondo assim o chamado anel fibroso. No interior do disco intervertebral existe uma estrutura gelatinosa, chamada de núcleo pulposo, responsável pela formação da hérnia de disco, ou hérnia do núcleo pulposo.


Representação do disco normal e uma hérnia de disco comprimindo a raiz neural
Arco Vertebral - Canal Espinhal - Forâmens Neurais
Na parte posterior de cada vértebra existem projeções ósseas que formam o arco vertebral, que é composto de dois pedículos de apoio e duas lâminas.
O canal espinhal, ou canal raqueano, é um túnel ósseo vertical, contendo um saco tubular (tubo dural) preenchido por uma coluna de líquido claro chamado líquido ou fluido cefalorraquideano, que tem várias funções de proteção da medula espinhal. O canal espinhal contém a medula espinhal, gordura, ligamentos e vasos sanguíneos da coluna vertebral.
Abaixo de cada pedículo, observa-se a saída de um nervo espinhal, ou seja, um nervo do lado direito e outro do lado esquerdo, originários da medula espinhal, passando através do forâmen neural intervertebral, correspondente a cada segmento anatômico, com respectiva função neurológica.
Os nervos espinhais desempenham suas atividades sensitivas e motoras, junto aos músculos, pele, articulações dos membros superiores e inferiores, e de órgãos internos, como o intestino e a bexiga.

coluna lombar via posterior demonstrando os nervos espinhais e pedículos
A medula espinhal e os nervos espinhais estão extremamente próximos aos discos intervertebrais da coluna vertebral e articulações. Portanto, como as alterações que ocorrem na coluna vertebral, a hérnia de disco ou estenose espinhal (em razão de alterações degenerativas do ligamento amarelo, das articulações facetas articulares, do próprio osso das estruturas vertebrais) podem facilmente causar compressão das estruturas neurais como as raízes neurais (nervos), que são responsáveis por sinais e sintomas observados nos membros, ou perda da força muscular, como fraqueza da mão, pé, etc. ou alterações da sensibilidade, como dormência ou formigamento.
Geralmente, os cirurgiões removem a lâmina do arco vertebral (procedimento cirúrgico denominado de laminectomia) para acessar e descomprimir a medula espinhal e os nervos para tratar doenças da coluna vertebral, como estenose espinhal, tumores intra ou extramedulares, hérnia de disco, etc.

medula e nervos espinhais
Encontramos 7 processos que surgem do arco vertebral: o processo espinhoso, dois processos transversos, duas facetas superiores e duas facetas inferiores.
Ligamentos
Os ligamentos são estruturas fibrosas, consistentes, que mantêm as vértebras integradas e, têm a função de estabilizar a coluna vertebral e proteger os discos intervertebrais, a medula espinhal e os nervos espinhais.
Os três principais ligamentos da coluna vertebral são o ligamentum flavum (amarelo), o ligamento longitudinal anterior (LLA) e o ligamento longitudinal posterior (LLP). O LLA e LLP são bandas/faixas contínuas que se iniciam a partir da região crânio-cervical, em sentido caudal/parte inferior da coluna vertebral, ao longo dos corpos vertebrais. Eles impedem o movimento excessivo dos ossos vertebrais. O ligamentum flavum liga-se entre a lâmina de cada vértebra.
Região occipito cervical -ligamentos via posterior




ligamentos da coluna vertebral
Medula espinhal e a cauda equina
A medula espinhal é uma estrutura anatômica com aspecto cilíndrico, que ocupa o canal raqueano, desde o forâmen occipital até a segunda vértebra lombar. Seu comprimento é de, aproximadamente, 45 centímetros; e o diâmetro na porção mais dilatada mede pouco mais de 1-1,5 centímetros. Apresenta duas dilatações, uma cervical e outra lombar, nos pontos correspondentes à origem dos nervos que se distribuem, respectivamente, aos membros superiores e aos membros inferiores.
Em sua extremidade inferior, há um filamento nervoso, o filum terminal, que a prolonga até a base do cóccix. O filum terminal e os últimos nervos raqueanos formam um conjunto denominado cauda equina. De um lado e de outro da medula, nascem os 31 pares dos nervos espinhais. Cada nervo resulta, em duas raízes; uma, anterior ou motora; outra, posterior ou sensitiva; esta última é facilmente distinguível da primeira, por apresentar uma dilatação chamada gânglio raqueano.
Dois sulcos longitudinais percorrem a medula, de alto a baixo; um anterior, outro posterior, que a dividem, superficialmente, em metades simétricas. O sulco anterior é mais acentuado que o posterior, e mede dois ou três milímetros de profundidade.
Por sua vez, cada metade da medula é dividida, longitudinalmente, em três cordões: um, anterior, entre o sulco mediano anterior e a emergência das raízes anteriores; outro, lateral, entre a emergência das raízes anteriores e a das raízes posteriores; o terceiro, posterior, entre a emergência das raízes posteriores e o sulco mediano posterior. A medula é ainda atravessada, em todo o comprimento, por um canal, o canal do epêndima, aberto superiormente no quarto ventrículo e atingindo, inferiormente, a parte média do filum terminal.

via posterior medula e nervos espinhais

medula e nervos espinhais
A estrutura da medula espinhal é formada de duas substâncias: uma, externa, é a substância branca; a outra, interna, é a cinzenta. Na medula espinhal, observamos duas funções: a primeira, realizando uma condução nervosa, e a outra, de um centro nervoso. A medula espinhal serve como via de transmissão de mensagens entre o cérebro e as partes de nosso corpo. Pelos seus vários feixes de fibras, a medula conduz os impulsos nervosos. A corrente sensitiva origina-se da periferia, pelas raízes posteriores. Esta corrente pode ser de sensibilidade táctil, dolorosa, térmica ou cinestésica. No final da medula espinhal, as fibras vão se separar em cauda equina e continuar a descer pelo canal espinhal para o cóccix, antes se ramificando para as pernas e pés. O cérebro envia mensagens de ordem motora para os membros e do corpo por meio da medula espinal, permitindo o movimento. Os membros e o corpo enviam mensagens sensoriais para o cérebro pela medula espinhal sobre o que sentir e tocar. Por vezes, a medula espinal pode reagir sem enviar informações para o cérebro. Estas vias especiais, chamadas reflexos espinhais, são projetadas para proteger imediatamente nosso corpo de danos.
As células nervosas que compõem sua própria medula espinhal são chamadas neurônios motores superiores. Os nervos que se ramificam da medula espinhal para baixo, costas e pescoço são chamados neurônios motores inferiores. Estes saem dos nervos entre cada uma de suas vértebras e vão para todas as partes do corpo.
Qualquer dano na medula espinal pode resultar em perda da função sensorial e motora abaixo do nível da lesão. Por exemplo, uma lesão na região torácica ou lombar pode causar perda motora e sensorial das pernas e tronco (chamada paraplegia). Uma lesão na região cervical (pescoço) pode causar perda sensorial e motora dos braços e pernas, chamada de tetraplegia.
Nervos Espinhais
Os nervos espinhais são em número de 31 pares que se originam da medula espinhal. O ramo ventral (frontal) da raiz carrega impulsos motores do cérebro, e o ramo dorsal (costas) da raiz neural transmite impulsos sensoriais para o cérebro. Cada nervo passa pelo forâmem intervertebral, e seus ramos contêm tanto fibras motoras como sensoriais. As raízes ventral (motor) e dorsal (sensorial) juntam-se para formar o nervo espinhal.
A medula espinhal é coberta, como o cérebro, por três camadas de membranas: pia-máter, aracnóide e dura-máter. A membrana interna é a pia-máter, que está intimamente ligada ao cordão espinhal. A próxima membrana é a aracnóide. A membrana externa é a dura-máter resistente. Entre estas membranas estão os espaços utilizados em procedimentos de diagnóstico e tratamento. O espaço entre a pia-máter e a aracnoide é chamado de espaço subaracnoide, que envolve a medula espinhal e contém líquido cefalorraquidiano (LCR). Neste espaço, é realizada a punção lombar para avaliação laboratorial do líquido espinal para diagnóstico de doenças infecciosas e inflamatórias do sistema nervoso central, como as meningites e a neurocisticercose, etc. ou até mesmo o diagnóstico de hemorragias intracranianas.
Os nervos espinhais são numerados de acordo com as vértebras acima das quais sai do canal espinhal. Os oito nervos espinhais cervicais são C1 a C8, os 12 nervos torácicos da coluna vertebral são T1 a T12, os cinco nervos espinhais lombares são L1 a L5 e os cinco nervos espinhais sacrais são S1 a S5. Há um nervo coccígeo.

nervos espinhais em cada segmento lombar que originam o o nervo ciático

Representação dos nervos espinais a cada nível da coluna vertebral


Esquema respresentativo dos níveis de inervação sensitiva na superfície cutânea
Os nervos espinhais inervam áreas específicas e formam um padrão listrado no corpo chamado dermátomos. Os médicos utilizam-se deste padrão neurológico para diagnosticar a localização de um sinal ou sintoma, decorrente das doenças da coluna vertebral, localizando o nível da lesão medular, e/ou do nervo espinhal, mediante a área de dor, ou fraqueza muscular, ou alterações da sensibilidade. Por exemplo, a dor nas pernas (ciática) geralmente indica uma desordem em nível de raiz L3-L4-L5, ou uma perda da sensibilidade em nível de cicatriz umbilical pode representar uma lesão intra-raqueana.